sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Projeto Valores Humanos - O que não cabe no meu mundo - Bagunça


Aos Pais e Educadores

Todo mundo já conheceu alguém muito bagunceiro: pessoas que vivem ou trabalham em espaços desorganizados ou que não conseguem se organizar. Algumas dessas pessoas se sentem incomodadas com essa situação e se esforçam para sair dela. Algumas contratam até profissionais para ajudá-las a arrumar as coisas. Mas bagunça, dizem, é como sobrepeso: não adianta só fazer dieta. As pessoas têm que se reeducar, senão tudo volta a ser como era antes. Uma das teorias sobre a bagunça diz que as pessoas juntam coisas e não se livram delas porque, ao reuni-las, se sentem seguras e protegidas – muitas vezes comprando compulsivamente coisas para preencher um vazio interior. Outras pessoas associam a bagunça à procrastinação (a tendência a deixar as coisas sempre para depois – arranjando desculpas, como excesso de trabalho ou falta de tempo). Finalmente, há pessoas que tentam organizar as coisas, mas sempre sobra mais bagunça do que havia no início da arrumação: para arrumar alguma coisa, retiram todas as outras do lugar e querem arrumar todo o espaço ao mesmo tempo. Assim, não tentam organizar uma gaveta ou um armário de cada vez. Tentam arrumar a casa toda de uma vez só. Como o tempo não é suficiente, a pessoa acaba abandonando a arrumação pela metade, e tudo fica pior que antes. Como lidar com isso? Penso sempre nas crianças. Temos que orientá-las, desde pequenas, a fazer a sua parte. Colocar os objetos (brinquedos, por exemplo) no lugar após terem sido usados; dar-lhes pequenas tarefas, como tirar a mesa, colocar os copos dentro da pia após usá-los (ou mesmo lave-los e enxuga-los quando já forem capazes) – uma atitude de constante atenção e orientação. Devemos também dar o exemplo, organizando nossos pertences. Não adianta tentar dizer para as crianças serem organizadas se nós mesmos não conseguimos ser assim. Não dá para dizer: ”Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”... . Temos que mostrar a elas que nossa casa é um lugar sagrado e, pó isso, limpo e organizado, onde só entra aquilo que nos é importante ou que amamos... E, é claro que nós cuidamos bem das coisas que amamos e não as deixamos jogadas... Não é?   


Cláudio Paixão Anastácio de Paula é psicólogo clínico, doutorou-se em psicologia pela USP, é membro da International Association for Jungian Studies e é professor da Escola de Ciência da Informação da UFMG.

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