Aos
Pais e Educadores
Todo mundo já conheceu alguém muito bagunceiro: pessoas que vivem ou
trabalham em espaços desorganizados ou que não conseguem se organizar. Algumas
dessas pessoas se sentem incomodadas com essa situação e se esforçam para sair
dela. Algumas contratam até profissionais para ajudá-las a arrumar as coisas.
Mas bagunça, dizem, é como sobrepeso: não adianta só fazer dieta. As pessoas
têm que se reeducar, senão tudo volta a ser como era antes. Uma das teorias
sobre a bagunça diz que as pessoas juntam coisas e não se livram delas porque,
ao reuni-las, se sentem seguras e protegidas – muitas vezes comprando
compulsivamente coisas para preencher um vazio interior. Outras pessoas
associam a bagunça à procrastinação (a tendência a deixar as coisas sempre para
depois – arranjando desculpas, como excesso de trabalho ou falta de tempo).
Finalmente, há pessoas que tentam organizar as coisas, mas sempre sobra mais
bagunça do que havia no início da arrumação: para arrumar alguma coisa, retiram
todas as outras do lugar e querem arrumar todo o espaço ao mesmo tempo. Assim,
não tentam organizar uma gaveta ou um armário de cada vez. Tentam arrumar a
casa toda de uma vez só. Como o tempo não é suficiente, a pessoa acaba
abandonando a arrumação pela metade, e tudo fica pior que antes. Como lidar com
isso? Penso sempre nas crianças. Temos que orientá-las, desde pequenas, a fazer
a sua parte. Colocar os objetos (brinquedos, por exemplo) no lugar após terem
sido usados; dar-lhes pequenas tarefas, como tirar a mesa, colocar os copos
dentro da pia após usá-los (ou mesmo lave-los e enxuga-los quando já forem
capazes) – uma atitude de constante atenção e orientação. Devemos também dar o
exemplo, organizando nossos pertences. Não adianta tentar dizer para as
crianças serem organizadas se nós mesmos não conseguimos ser assim. Não dá para
dizer: ”Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”... . Temos que mostrar
a elas que nossa casa é um lugar sagrado e, pó isso, limpo e organizado, onde
só entra aquilo que nos é importante ou que amamos... E, é claro que nós
cuidamos bem das coisas que amamos e não as deixamos jogadas... Não é?
Cláudio
Paixão Anastácio de Paula é psicólogo clínico,
doutorou-se em psicologia pela USP, é membro da International Association for
Jungian Studies e é professor da Escola de Ciência da Informação da UFMG.
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