segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Projeto Valores Humanos - O que não cabe no meu mundo - Mentira

Aos pais e educadores

A criança aprende logo cedo que existe uma grande diferença entre o “de mentira” (ou seja, a fantasia) e “a mentira” (faltar à verdade). Algum tempo depois, ela tem um trabalho danado para entender a mecânica de “a mentira”.
Por que é que os adultos (os pais e professores, inclusive) mentem tanto? Por que é que existem as tais mentiras “boas” (para não fazer o outro sofrer)?
Por que algumas vezes as pessoas mentem para evitar ser motivo de zombaria(como um adolescente que ainda faz xixi na cama)? Ou para serem aceitas em um grupo que faz ou conhece alguma coisa que a pessoa não mente não sabe? Isso não é fácil de entender. E, para compreender tudo isso, a sua casa será o ponto de partida. É preciso conversar seriamente sobre todas essas “mentiras”, sobre a importância e os perigos de ser sincero; tentar valer-se dos fatos do dia a dia usando, por exemplo, aquele caso em que ela percebeu que não era interessante dizer àquela tia chata como o seu beijo pegajoso era nojento, para mostrar as complexidades que envolvem a questão de mentira e da verdade. O fundamental é a forma como você lida com a mentira, como você passa da mentira “boa” (“Nossa, vovó, a senhora parece bem melhor...”) para a mentira por conveniência (“Diga a ela que eu não estou em casa”), para mentiras como “Não fui trabalhar porque estava doente” (enquanto você foi ao futebol com os amigos). Se você iguala todas essas mentiras, mostra que é natural torcer a verdade para atingir seus objetivos e que não existe diferença entre todas essas formas de mentir. Isso é muito ruim, porque logo a criança passará a fazer o mesmo. Logo passará a acreditar que aqueles que dizem a verdade são ingênuos e passará a utilizar formas cada vez mais elaboradas de mentira para se sair bem ou obter vantagens em várias situações.
Uma vez adquirido o hábito de mentir é muito difícil reverte-lo, por isso é bom começar a prestar atenção em como nós lidamos com isso desde cedo...



Cláudio Paixão Anastácio de Paula é psicólogo clínico, doutorou-se em psicologia pela USP, é membro da International Association for Jungian Studies e é professor da Escola de Ciência da Informação da UFMG.






Um comentário:

  1. Concordo plenamente com o comentário e mais: a criança aprende através do exemplo!

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