Aos pais e educadores
A criança aprende logo cedo que existe uma grande diferença entre o “de
mentira” (ou seja, a fantasia) e “a mentira” (faltar à verdade). Algum tempo
depois, ela tem um trabalho danado para entender a mecânica de “a mentira”.
Por que é que os adultos (os pais e professores, inclusive) mentem
tanto? Por que é que existem as tais mentiras “boas” (para não fazer o outro
sofrer)?
Por que algumas vezes as pessoas mentem para evitar ser motivo de
zombaria(como um adolescente que ainda faz xixi na cama)? Ou para serem aceitas
em um grupo que faz ou conhece alguma coisa que a pessoa não mente não sabe?
Isso não é fácil de entender. E, para compreender tudo isso, a sua casa será o
ponto de partida. É preciso conversar seriamente sobre todas essas “mentiras”,
sobre a importância e os perigos de ser sincero; tentar valer-se dos fatos do
dia a dia usando, por exemplo, aquele caso em que ela percebeu que não era
interessante dizer àquela tia chata como o seu beijo pegajoso era nojento, para
mostrar as complexidades que envolvem a questão de mentira e da verdade. O
fundamental é a forma como você lida com a mentira, como você passa da mentira
“boa” (“Nossa, vovó, a senhora parece bem melhor...”) para a mentira por
conveniência (“Diga a ela que eu não estou em casa”), para mentiras como “Não
fui trabalhar porque estava doente” (enquanto você foi ao futebol com os
amigos). Se você iguala todas essas mentiras, mostra que é natural torcer a
verdade para atingir seus objetivos e que não existe diferença entre todas
essas formas de mentir. Isso é muito ruim, porque logo a criança passará a
fazer o mesmo. Logo passará a acreditar que aqueles que dizem a verdade são
ingênuos e passará a utilizar formas cada vez mais elaboradas de mentira para
se sair bem ou obter vantagens em várias situações.
Uma vez adquirido o hábito de mentir é muito difícil reverte-lo, por
isso é bom começar a prestar atenção em como nós lidamos com isso desde cedo...
Concordo plenamente com o comentário e mais: a criança aprende através do exemplo!
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